Samsa Desperta para a Realidade Intranquila
Ao despertar de sonhos inquietantes Samsa deu por
Si na cama transformado num entristecido homem.
O que me aconteceu? - pensou. Não era nenhum sonho.
Soube que a pessoa que amava faleceu de covid
Para o presidente atrasar vacinas e ganhar
Um dólar de propina... A vida foi monetizada.
Desviou o olhar para a janela e lembrou do
Alto valor dos alimentos, do seu desemprego,
Do atraso das vacinas, da dor perene na pandemia.
O que é mais triste que essa intranquila realidade?
Eu sou um ser digno de direitos ou um descartável
Inseto a ser esmagado pela turba de negacionistas
E o genocida Estado? Se vive há muito em desilusão.
Será que perante as desiguais contas do capital,
De cara com cada moeda, cada compra, eu só sirvo
Para dar vida ao patrimônio dos patrões?
Eu sou uma barata no capote da metrificada cidade?
E Gregor percebeu que precisava dar vazão ao
Sentimento de revolta contra o pesado mundo ao redor.