Invisíveis
São muitas!
Estão em quase todos os lugares,
Pertencem ao credo do descredito
De muitas raças jogadas num mesmo destino,
Sentindo a mesma dor,
Padecendo do mal irremediável
Do estômago vazio.
Não se cansam,
São jogadas à canseira;
Não se abatem,
São abatidas,
Mas seguem a correr,
Sonhando, vão indo com a boca no estômago,
Lambendo a ossada com cheiro
Da pouca carne qua ainda resta no corpo.
Não podem ser ouvidas - voz não têm mais.
Ofuscam seu futuro quando assassinam
Os sonhos que trazem,
Ainda assim acreditam que o amanhã
É melhor do que hoje.
Trazem no corpo as marcas castigadas pelo tempo
E no rosto as linhas expressivas da vida roubada.
Invisíveis em viadutos ou marquise de prédios nas ruas de uma cidade qualquer,
Também em mocambos, sem direitos!
Nem se parecem com aqueles
Que se chamam Congresso e STF.
Envelhecem antes dos vintes e morrem
Da mesma morte do SUS antes dos trinta.
Carregam peso igual sobre as mesmas pernas finas,
Trazem na alma a mesma tinta no sangue, assim, vão sendo assassinadas um pouco o dia todo
E roubada a sua vida a cada hora do dia.
Entregues à sorte que nunca vem,
Cheiram comida, têm sabor de comida, respiram comida,
Mas possuem apenas fartura da fome e da sede.
Invisíveis entre corações vazios.
Existência minada, marcada, cuspida e cagada
Nas tribunas da hipocrisia do PODER.