Invisíveis

São muitas!

Estão em quase todos os lugares,

Pertencem ao credo do descredito

De muitas raças jogadas num mesmo destino,

Sentindo a mesma dor,

Padecendo do mal irremediável

Do estômago vazio.

Não se cansam,

São jogadas à canseira;

Não se abatem,

São abatidas,

Mas seguem a correr,

Sonhando, vão indo com a boca no estômago,

Lambendo a ossada com cheiro

Da pouca carne qua ainda resta no corpo.

Não podem ser ouvidas - voz não têm mais.

Ofuscam seu futuro quando assassinam

Os sonhos que trazem,

Ainda assim acreditam que o amanhã

É melhor do que hoje.

Trazem no corpo as marcas castigadas pelo tempo

E no rosto as linhas expressivas da vida roubada.

Invisíveis em viadutos ou marquise de prédios nas ruas de uma cidade qualquer,

Também em mocambos, sem direitos!

Nem se parecem com aqueles

Que se chamam Congresso e STF.

Envelhecem antes dos vintes e morrem

Da mesma morte do SUS antes dos trinta.

Carregam peso igual sobre as mesmas pernas finas,

Trazem na alma a mesma tinta no sangue, assim, vão sendo assassinadas um pouco o dia todo

E roubada a sua vida a cada hora do dia.

Entregues à sorte que nunca vem,

Cheiram comida, têm sabor de comida, respiram comida,

Mas possuem apenas fartura da fome e da sede.

Invisíveis entre corações vazios.

Existência minada, marcada, cuspida e cagada

Nas tribunas da hipocrisia do PODER.

Charles Costa
Enviado por Charles Costa em 15/06/2021
Reeditado em 17/08/2023
Código do texto: T7279428
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.