Molambos
Estranha quietude na minha rua
Olhando lá de cima, desconfiada, a lua
Os postes parecendo lampiões sombrios
Mal iluminando seres estranhos, vadios

Pouco adianta o nosso dedo em riste 
Passam de olhos baixos, falando sozinhos, triste
Alguns bancos, alguns assentos, e um ponto
Onde todos esperam o trem e temem um confronto

Posso ouvir tudo da minha sala
Quando aquela pessoa se esconde e fala:
"Que hoje paga o preço de não ter ido à escola
Que a vida é dura, sem justiça, nada a consola"

Ali perto da padaria, em um pequeno canto
Logo aparecem alguns e outros tanto
Precisam de algo para se ajuntar
Precisam de mais vida, precisam fumar

Uma traz algo como se fosse uma vela
E vejo pela fresta que é elegante e bela
Mas já está nessa vida ardente
Onde ela mal vive e mal sente

Debruço-me novamente sobre o meu livro sublime
Onde aquela vida seria julgada como crime
Mas adormeço na noite sem vê-los partir
Talvez nunca durmam, ficam ali, não têm aonde ir
Paulo Eduardo Cardoso Pereira
Enviado por Paulo Eduardo Cardoso Pereira em 05/06/2021
Reeditado em 07/06/2021
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