Diário de um Moribundo
Não te comove,
Eu aqui estou morrendo,
Me falta o ar,
E acelera o pensamento,
Tenho família,
Em minha mente é só tormento,
Desamparados,
Com o seu consentimento,
Quem me matou,
Festeja sem constrangimento,
Vou carregar a frustração,
E meu arrependimento.
Tuas mentiras são facas,
Tuas ações são morteiros,
E com a morte me calo,
Mas deixo aqui um apelo.
Fui morto pelo poder,
De alguns filhos da puta,
Que empilham pessoas,
E quebram a estrutura.
Enquanto procuro o ar,
Oxigênio é fissura,
E quanto mais eu respiro,
Tempo desfaz a costura.
A culpa é deles e minha,
Não fuja,
Também é sua,
Pois quem defende assassino,
Meu sangue suas mãos suja.
...
Ego inflado,
Vacina não cura,
Oculta é a ciência,
A fé obscura.
A Terra é plana,
Liberdade é censura,
Direitos tirados,
Semi escravatura.
Se isolar é fome,
Trabalhar é morte,
Decide irmão!
Não terá suporte.
Pois o teu imposto,
É que banca os fortes,
Picanha na mesa,
E tu sente o corte.
...
As minhas forças se acabam,
Não posso mais escrever,
E esse ar que me falta,
Seja abundante em você.
E não se esqueça amigo,
Tens o poder de deter,
Este poder que nos mata,
Não deixe ele crescer.
Não tenho tempo agora,
Queria mudar o mundo,
Porém te deixo um diário,
Diário de um moribundo.