LITANIA DE UM BÊBADO

Ó meu Pai Criador, vim rogar

Perdoa-me se eu Te agredir

Não sei mais como entrar

E nem sei mais como sair

Deste mundo conturbado

Destroçado por um falso Messias

Livrai-me ó Pai Amado

Das impurezas desses maus dias

Aonde a falsidade impera

Começando da nossa rampa

Se a cachaça acabou, já era

Ora, escorre o litro e chupe a tampa

E sigo em minha serenata

Sem viola, gaita e nem rabeca

Vendo ladrões com gravata

Roubando carne que nem seca

Pois rara até no próprio boi

Vivemos a vida em marcha ré

Dignidade aqui já se foi

E tudo aqui se faz à "Migué ".

Buscar a honestidade, quem dera

Se a muito ela se descampa

Se a cachaça acabou, já era

Ora, escorre o litro e chupe a tampa.

O concreto matou o abstrato

Sem honra, sem fé e nem ternura

O povo se acaba no mato

Só, sem cachorro e sem lisura.

E temos os nossos pecados

Empilhados na vã vaidade

Que nos prende de braços dados

No colo da desonestidade.

Então, livrai-nos dessa tal fera

Ela que só nos encampa

Se a cachaça acabou, já era

Ora, escorre o litro e chupe a tampa.

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Salvador-BA, 27/05/2021.

Alorof
Enviado por Alorof em 27/05/2021
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