O capital
Tenho fome, logo consumo
Encaranco as costelas do porco
E degolo a galinha
Torço a vida de suas carcaças
Quero mais
Multiplico os peixes
Quebro tuas unhas
Bebo do seu suor
Engordo de teu desespero
Me deleito em sua revolta
Mas ainda sinto fome
Como o queijo da ratoeira
E extermino os ratos
Se me deixas para perecer
Devorarei até os vermes
Carne, e sangue, e consciência, e democracia
Abro a boca
Ranjem meus ossos e ronca meu estômago
Me quero
Só eu
E todos nós
E eles
E minhas entranhas
Minha carne suculenta
Meu dinheiro
Meus bens
Me devoro
Sou deliciosa