Ressignificar as Feridas Em Tempos de Pandemia
A morte espreita todos os caminhos.
É a derradeira estrofe que não tem sido esquecida,
Aquilo que se sobrepõe a todos os sonhos e pessoas.
Diante das sombras arrepiantes dos pulmões sem cura,
No digladiar desesperado contra a letal foice biológica,
Como agir para amenizar o pesado fardo?
Replantar a vida nos sentimentos e pessoas que apetecem.
Reviver tudo em fotografias, disponibilizar o talento e atenção aos outros,
Mesmo escorrendo pelas veias o vazio de certezas.
Viver a tragédia do hoje com foco no futuro, planejar o amanhã,
Pensar como ajudar o próximo, dar significado as atitudes.
Refazer os choros das perdas, suportar a cidade das lágrimas.
Ressignificar as feridas abertas,
Reagir o corpo que foi possesso de febre.
Entre artérias e vontades calejadas,
Inventar um necessário movimento para tudo inverter...
Renascer dos toscos pedaços, sacudir os músculos flácidos,
Mesmo que a vida de muitos esteja num ardor incurável.
A tragédia da pandemia muita coisa dizimou,
Mas resta a tudo (dor, perda, luto, injustiça)
Atribuir robusto sentido pelo fato de permanecermos vivos.