Mais Um Dia na Terra da Pandemia
Enquanto ouço a raivosa canção do suicida Cobain
E diante da ascensão quilométrica da ignorância,
Vejo que amanhã não será um dia melhor.
Há um sentimento fúnebre pelo ar
Diante da obsessão monocromática de mentiras que
Assolam os gados humanos perfilados em praças públicas.
Os pulmões esquartejados pela terrível doença
E os cemitérios no ardor letal do sofrimento
São cores rubras que não pintam consciência
Sobre cabeças atoladas na banalização da morte.
E quando tudo isso findar, sabe se lá quando,
O arrependimento, machado duro que dilacera os neurônios,
Arrastará dor e tristes lembranças de tudo que passou?
O juiz será prisioneiro das medidas que autorizou
As pessoas morrerem circulando em shoppings e bares?
O prefeito se arrependerá do afrouxamento do lockdown?
Os apoiadores do estatal genocida se sentirão mãos
Colaboradoras de todo morticínio vivido pelas ruas?