Seca: falta de chuva, mas acima de tudo, de descaminho do dinheiro público
O sertanejo vivente
Com os mínimos viveres
É só mais um eleitor
Ou mesmo um boi de curral
Para letrado doutor
Vejamos nesses sertões
As cidades inventadas
Sem nenhuma infra-estrutura
Para sustentar os vícios
Das câmaras e prefeituras
Prefeito ganha nove mil
Vereador ganha bem
Cidadão não tem feijão
Não há dinheiro pra saúde
Muito menos, para a educação
O açude é só plano
A estrada inexiste
Mas na prestação de conta
O açude está em obras
A estrada está pronta
Prefeito tem casa de praia
Fazenda, carro do ano
Os filhos estão na cidade
Com carro e motorista
Na melhor universidade.
Braços velhos antiqüíssimos
De coronéis sertanejos
Governam a ferro e fogo
Levando toda vantagem
E nada sobra pro povo
Até água pra beber
Nesse tempo de sequidão
O sertanejo tem que implorar
Para uma corja de desonestos
Que continuam a governar.