Os Olhos da Rainha

Você deve se desesperar

Você deve se lamentar

Você deve se perguntar

Tão poucos teremos estripado?

Tão poucos teremos enforcado?

Descendência divina em descrédito

Presa a prestígios tão decrépitos

Sem diversão

Sem salvação

Sem adoração

Aproxima-se a destruição

Prepare-se para a revolução

Deus, ajude a soberana, difícil é crer

A tal ordem estar o sol a obedecer

Majestade, saiba que os ventos são adversos

E o sol ainda nasce em tempos tão perversos

Volte a contemplar o mausoléu de seus antepassados

A plebe sorri como vermes em ossos mal passados

Encare minha face desprezível

Aprecie minha feiúra indizível

Quero te insultar com meus penduricalhos

Suas joias revelando das antilhas os cascalhos

Sua política deteriorando o suporte estatal

E eu continuando o desamparado do amparo social

Sei que não me encaixo em suas preferências

Mas hoje seu orgulho abraça minha decadência

Sei que a rainha é eterna

Sei que verá o destino encerrar minha existência

Mas o urso sai da caverna

E seus olhos verão história em minha irreverência

Nos palácios os nobres brindam da rainha a alegria

Enquanto nas ruas celebramos a explosão da anarquia

Porque no passado minha verdade não era minha

Meu grito ainda é sufocado em napalm e esquemas

Pois é dito que Deus já salvou a rainha

E é sabido que já estou condenado pelo sistema

Isaque
Enviado por Isaque em 13/05/2021
Reeditado em 09/04/2022
Código do texto: T7254956
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