Os Olhos da Rainha
Você deve se desesperar
Você deve se lamentar
Você deve se perguntar
Tão poucos teremos estripado?
Tão poucos teremos enforcado?
Descendência divina em descrédito
Presa a prestígios tão decrépitos
Sem diversão
Sem salvação
Sem adoração
Aproxima-se a destruição
Prepare-se para a revolução
Deus, ajude a soberana, difícil é crer
A tal ordem estar o sol a obedecer
Majestade, saiba que os ventos são adversos
E o sol ainda nasce em tempos tão perversos
Volte a contemplar o mausoléu de seus antepassados
A plebe sorri como vermes em ossos mal passados
Encare minha face desprezível
Aprecie minha feiúra indizível
Quero te insultar com meus penduricalhos
Suas joias revelando das antilhas os cascalhos
Sua política deteriorando o suporte estatal
E eu continuando o desamparado do amparo social
Sei que não me encaixo em suas preferências
Mas hoje seu orgulho abraça minha decadência
Sei que a rainha é eterna
Sei que verá o destino encerrar minha existência
Mas o urso sai da caverna
E seus olhos verão história em minha irreverência
Nos palácios os nobres brindam da rainha a alegria
Enquanto nas ruas celebramos a explosão da anarquia
Porque no passado minha verdade não era minha
Meu grito ainda é sufocado em napalm e esquemas
Pois é dito que Deus já salvou a rainha
E é sabido que já estou condenado pelo sistema