Vela Chama
Mesa vazia,
Cabeça cheia,
Nosso povo vive em constante incerteza.
Hoje emprego não tem,
A morte anda de trem,
E de panelas vazias,
Vamos seguindo bem.
A ganância entorpece,
Todos querendo poder,
Aqui quem manda é o dinheiro,
Pois é projeto político,
Todo pobre tem que morrer.
Querem voltar com as parteiras,
Curar com rezas e ervas,
Escambo é economia,
Em becos, morros e vielas.
Política de segurança,
Invade e mata em favela,
Garimpo para os bandeirantes,
Floresta é lenha,
É vela.
Animais ornam paredes,
Sangue em linda aquarela,
Indígenas em extinção,
Serão histórias em novelas.
Facada deixou o corpo,
Matou a alma.
Querem exaltação ao rei.
Falar mal,
Polícia Real Investiga, cala e degola.
Propina aos conselheiros,
Tratores invadem,
Sustentam as escoras,
Vacinas não chegam,
Porém a mágica cloroquina,
Para a moléstia errada,
Não falta.
País tropical,
Esquecido por Deus,
Aqui tem malária,
Tem febre amarela,
A zica tá solta,
Covid em alta,
Tá na passarela.
Capital invadida,
Bandidos estão nela,
Facção e milícia,
Duelam por ela.
Barrigas vazias,
Banquete é moela.
Se o vírus tá solto,
Então se aglomera.
A máscara é inútil,
E deixa sequela.
Culpamos os outros,
Pela incompetência interna.
Louvamos a ignorância,
E a morte para agir,
Tem chancela.
Se Deus é por nós,
Anjos não estão em sentinela.