Defeito no Infinito

A dialética acompanhou meu dilema

De querer entender algumas dimensões

Essas dimensões que não cabem e deflagram vazios

Doravante eu já sei que as hipérboles são apenas invenções efêmeras

Ávidas por preencher ausências de si e trazer densidade

A infinitude luta a fim de se permanecer em voga

Superando-se e maldizendo o infinito que já possui

Como se oca fosse a posse

Essas utopias beiram o concretismo

Ao alumiar os olhos de seus resignados

Até cegá-los e guiá-los

E talvez alhures elas sejam possíveis

Neste mundo, porém, o infinito é só uma suposta direção para divagar

Uma fruta perdida entre os dentes podres de quem já foi frugal

E numa corrida urgente e competitiva

Num mercado macambúzio de empatias

Numa agonia presa em uma alma infantil

Os grilhões parecem fazer sentido

Agora, a curiosidade age diferente

Sua humildade enxerga o TODO

E sua atenção é generosidade genuína

Só assim, o infinito passa a existir

Como uma grande peça singular

Como o voo de um passarinho

Cuja liberdade também é nossa

Val Xavier
Enviado por Val Xavier em 30/04/2021
Código do texto: T7245160
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