Defeito no Infinito
A dialética acompanhou meu dilema
De querer entender algumas dimensões
Essas dimensões que não cabem e deflagram vazios
Doravante eu já sei que as hipérboles são apenas invenções efêmeras
Ávidas por preencher ausências de si e trazer densidade
A infinitude luta a fim de se permanecer em voga
Superando-se e maldizendo o infinito que já possui
Como se oca fosse a posse
Essas utopias beiram o concretismo
Ao alumiar os olhos de seus resignados
Até cegá-los e guiá-los
E talvez alhures elas sejam possíveis
Neste mundo, porém, o infinito é só uma suposta direção para divagar
Uma fruta perdida entre os dentes podres de quem já foi frugal
E numa corrida urgente e competitiva
Num mercado macambúzio de empatias
Numa agonia presa em uma alma infantil
Os grilhões parecem fazer sentido
Agora, a curiosidade age diferente
Sua humildade enxerga o TODO
E sua atenção é generosidade genuína
Só assim, o infinito passa a existir
Como uma grande peça singular
Como o voo de um passarinho
Cuja liberdade também é nossa