Liberdade Individual
Posta uma pessoa no ventre da monarquia
Ainda que seja grata por sua fortuna
Não enxerga a precedência do povo
Como terra fértil da liberdade do rei
A sociedade nasce antes de qualquer um
Para permitir a chegada de qualquer um
A lei deve temperar o prato quente da nossa carne
Para que todos possamos consumir com equilíbrio
Antes que o homem singular o tome de nós para o gozo
E a vingança vetusta nos obrigue a nos amparar da dor
Da injustiça e ingratidão que não cabem na memória
Devorando para esquecê-lo até nossa fome voltar
Rousseau atirou uma pedra na redoma de vidro da maioria
E o vidro fino quebrou os deixando nus e envergonhados
Fracos e desorientados até o momento de entenderem
Que sempre foram carregados pelos braços desconhecidos
De tantos heróis famosos e anônimos daqui e dali
De tantos pais e mães do passado próximo e distante
Eu atirei a segunda pedra na redoma de vidro da maioria
E atiraram pedras incessantemente sem cansar em seguida
Desencadeou-se a liberdade geral plena ainda que efêmera
Até um novo rei surgir e roubar para si a liberdade do povo
Pois liberdades não são concomitantes e nem haveria de ser
Liberdade é singular como uma única massa de homens concomitantes