Veleiros no céu
moleques baldios
atravessam a nado
o mar de concreto
brotam do asfalto
feito erva daninha
entre escombros e estatísticas
são noticiados
sem serem vistos
filhos de pedras anônimas
navegam à deriva
e, dos lares desmantelados,
avessos
qual veleiros no céu
naufragando em brancas nuvens
sussurram por trás das vagas:
— Mas por que foi que nos chamaram?
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Poema classificado em 3º lugar no 28º Concurso Literário da Academia de Letras de São João da Boa Vista (2020).