Você sai de casa e depara
Você sai de casa e depara
Com um muro que sangra
Na pressa diária
Quem é que vê
O riso do palhaço
O canto do mar
Florir de um mistério
Âmbar de um vôo
Rumor de um anseio
Murmurar de um desejo
Choro de uma árvore
Farfalhar de uma rima
Na rua feroz
Seguem os escravos
Dirigindo seus carros
Seus cabelos de feltro
Seus casulos de brim
Vão tecendo ferozes
A rudeza diária
Acreditando que o fim
São milhões como prêmio
Para gastar no shopping
Comendo hambúrgueres
Bebendo tarântulas
Caído num canto
Um cão agoniza
Seu cérebro vomita
Quem é que acredita
Nessa louca desdita?