REIS E BUFÕES - Luiz Poeta - Luiz Gilberto de Barros

A REIS E BUFÕES - Luiz Poeta - Luiz Gilberto de Barros

Não quero louros... Deus me dá o que me basta...

Não tenho casta, apenas canto nos castelos.

Bufão da corte, piso tapetes tão belos...

Como é que posso achar a vida tão... nefasta ?

Qualquer presente que me dão faz-me... vassalo...

Tornar-me nobre... até me sinto um cavalheiro:

Cortejo as damas com respeito altaneiro,

E até arrisco amar algumas... quando calo.

Porém meu rei não é o dono do salão...

Meu coração finge que presta-lhe homenagens,

Se sou um bobo... e o rei diz tantas bobagens,

Como é que pode comandar seu batalhão?

Eu me divirto, enquanto o rei come iguarias,

Galinhas, porcos e faisões tão... pegajoso...

Deseducado! ... apesar de iluminado

Pelos olhares repletos de hipocrisias.

Que vida avara, onde um único egoísta

Quer ver artistas - palhaços por excelência -

Dar cambalhotas e, depois, com veemência,

Usar a espada e excluir alguns da lista...

Se quero louros, vou ao pé, recolho a folha...

Uma só basta para minha feijoada,

Que quando esquenta, Que cheirinho ! O que me agrada

É ver comida caseira soltando bolha.

E o vinho tinto ou a cerveja ? A cachacinha ?

Sua majestade não sabe o.que está perdendo

Mas refestela-se... o estômago doendo...

Vê, mas não pode degustar nem costelinha.

Que rei é esse, que destrói e cobra imposto...

...a contragosto dos sonhos desse bufão,

Que apenas quer abençoar seu coração,

Com a emoção que enfeita o riso do seu rosto ?

Nao quero louros, quero apenas ser feliz,

Ouvindo o aplauso de quem acha divertida

A cambalhota de um palhaço que, da vida,

Sempre tornou-se,a cada tombo, um aprendiz.

Quem já foi rei como eu, notou, sem ser deposto,

O gosto triste e falso da hipocrisia,

Porque, enquanto um poeta faz poesia,

Por ironia, nunca vê quem quer seu posto.

A ingenuidade é a essência da pureza,

Quem vê beleza em tudo, nunca desconfia

Da cobra falsa ou da faca que afia

Todo vassalo que corteja sua alteza.

O tubarão tem um amigo inseparável,

É uma rêmora, que enquanto ele estraçalha

A pobre vitima, ela come o lhe valha

De sobremesa... e o tubarão é implacável!

Na minha vida, tenho o meu próprio castelo,

Uso chinelos em casa... ou ando descalço,

E se me puno, não enfrento o cadafalso

Da insensatez como a de um rei que acha que é belo.

Às 11h e 4min do dia 27 de março de 2021 do Rio de Janeiro - Registrado no Recanto das Letras.

O tempo pousou no meu melhor silêncio,

pediu um uísque on the rocks, chamou-me para beber com ele,

brindou ao me pseudo-abandono,

cerrou os olhos comigo,

sorriu tropegamente

e... afetuosamente...me disse

chorando:

"Ame-se, meu irmão "... eu sou muito curto e rápido.

Depois... sumiu como um flash.

Luiz Poeta - Luiz Gilberto de Barros Rio de Janeiro Brasil.

Às 17h e 48min do dia 20 de fevereiro de 2021 - Cabo Frio - RJ.

LUIZ POETA
Enviado por LUIZ POETA em 27/03/2021
Código do texto: T7217119
Classificação de conteúdo: seguro