Ivo não viu a uva
Vi, ainda hoje
O sangue correr fora das veias
Jorrando à altura das nuvens
Ainda hoje estava quente
Presente nas discussões vulgares
De sangue fervido, sangue pisado
Rá! Sangue de mentira, fabricado
Vi, ainda agora
O fígado ser promovido à chefia
Para agonia do pobre cérebro
E a boca que só rumina, rumina
O pasto que o diabo amassou
Recita versos de verborreia
Mil vezes maldita prosopopeia
Onde já se viu?
O absurdo embaralhar o sentido
Das palavras fracas no dicionário
Colonizando os verbetes selvagens
Mudando-lhes a parecença, a crença
Salvando-os da barbárie de si mesmos
Louvada seja a nobreza de impostores
Veja você o que vi...
As dores todas embaladas para presente
Esperando a hora de chegarem ao destino
Quer ganhar? Cante o hino, finja de morto.
Cascalho. Cucaqueospariu. Ganhou, viu?
Na caixa: milágrimas e chega de mimimi
Chorar não é preciso. Urge sufocar!
Ivo não viu a uva
Nem a viúva, nem os filhos deste solo
Aqui, não tem colo de mãe gentil
Tá com azia, amada? Toma Estomazil
Bom para arrependimentos tardios
Para os brios de decência perdidos
Isso, trezentos mil frascos. Beijos