Questionamentos Aos Ignorantes

Desculpem-me, senhores ignorantes,

Mas é difícil entender seus modos,

Desculpem minha falta de compreensão

E até me sinto deselegante

Por não lhes dar devida atenção.

Suas palavras me soam sem nexo,

Sua voz irrita meus ouvidos,

Seus verbos são escandalosos,

Quando falam de política ou sexo

Usam argumentos falaciosos.

Confesso queria lhes entender,

Saber porque tanta insensatez

Nessa mania de negar a realidade

E a incapacidade de compreender

A tão clara e evidente verdade.

Respondam-me então, por favor:

É por simples ingenuidade

Que agem assim desse jeito

Ou porque já não sentem sabor

Por um Estado de Direito?

Perdoem a pergunta indiscreta:

Vocês acreditam na tirania,

Acham coisa boa o absolutismo?

Perdão se esta foi bem direta,

Mas não entendo seu fanatismo.

Não me julguem mal por isso,

Mas não posso deixar de dizer:

Parece que vocês não estudam,

Com a História não têm compromisso

E equivocadamente vocês julgam.

Como pode a sã consciência

Brincar com a morte das pessoas

Ou não defender a vida alheia,

Não manifestar a condolência

Nem lhes acender uma candeia?

Perdão se lhes falo com dureza,

Mas aprendi que a vida vale mais

Que qualquer ideologia

E se lhes trato com aspereza

É porque vejo que sua causa é vazia.

Vocês talvez me respondam agora,

Que levantam em Nome de Deus

Essa bandeira tão manchada

Por esse sangue que deplora

Nesse mastro de madeira rachada.

Mas outra vez vou lhes questionar,

Pois aprendi que Deus é Amor

E quer que vivamos muito bem

Com os dons que Ele nos dá

E praticando o amor também.

E o Evangelho de Jesus ensina

A acolher o pobre e o pecador,

Receber a viúva e o órfão,

Portanto se quero fazer rima

Não junto Deus e ódio não.

Vocês têm sido incoerentes

Unindo religião e preconceito,

Juntando o Divino e o profano,

Vocês têm sido até indecentes

Pra não dizer totalmente insanos.

Digam-me: há dinheiro envolvido,

Estão sendo remunerados

Ou a sua alma já foi alugada,

Já tem um inquilino encardido

Fazendo em vocês temporada?

Perdão se pareço lhes inquirir,

Mas apenas quero compreender

E ter ciência desses fatos,

Não quero sentença proferir

Pois não sou juiz dos seus atos.

Será que estão apaixonados?

Sei que a paixão causa cegueira,

Impede a pessoa de ver o fato

E enxerga cores no objeto amado

Mesmo que esse seja cinza opaco.

Ou é a mentira que lhes seduz?

Pois eu sei que ela é tão doce,

Engana alguns paladares

E à ilusão a língua conduz,

Que degusta ácidos como manjares.

Perdão, senhores negacionistas,

Pois aqui não tiro conclusões,

Apenas destaco suspeitas,

Deixando-lhes algumas pistas

Para que respostas sejam feitas.

Mas em todo caso eu creio

Que um sonho ou pesadelo

Não dura a noite inteira,

Aquele monstro muito feio

Logo dá lugar à bela sereia.

Por isso eu digo que acordarão

E perceberão o ledo engano

De deixarem-se assim iludir

E aceitarem a vil manipulação

De quem só quer ver tudo ruir.

Que a sensatez fale mais alto

E o som dela possam ouvir,

Espero que não fiquem surdos

E nem continuem incautos

Espalhando e colhendo absurdos.

Aberio Christe