MALDITOS
MALDITOS
Andrade Jorge
Irreal é nosso Real
Descambou o paraíso
Politicagem infernal,
Cadê o feijão que preciso?
Esquerda maldita,
Direita sem linha,
Centrão que só ouve a grita,
E o povo definha.
Nosso País é rico
Porém, terceira categoria,
Ridicularizado só paga mico
Desfilando no luxo da alegoria.
Metem a mão na saúde
Caos nunca visto
Roubaram tudo, ninguém se ilude,
Contudo, sou brasileiro, resisto.
Hoje o sangue esvai até morrer
Réquiem fúnebre, o político não vê,
Do alto, abaixo, ninguém pra socorrer,
Mas, amanhã, se vivo, verei um funeral pela tv.
Sangue sugas do meu couro,
Capitães do mato
Vilipendiam nosso ouro
De troco o vazio no prato.
Malditos, que semeiam só o frio do inverno,
Lúcifer os esperam no quinto do inferno.
10/03/2021