VERDADE SEJA DITA
No chão de cimento, um cadáver chora
Lágrimas de ódio pelo seu algoz cruel
Lhe tiraram a vida por dinheiro de fel
Um ladrão lhe mandou mais cedo para o céu
A família não fez luto. Era um pé no colo
O pobre-diabo morrera num assalto vil
Talvez, na próxima vida, ele seja um cavalo
Puro-sangue é respeitado neste mundo-covil
Mas as bruxas estão rebeldes sob a lua
E as águas estão sangrando indigentes escravos
Para os reis, todas as mulheres andam nuas
Além dos castelos, a fome prega seus cravos
O dilúvio virá naufragar almas mesquinhas
Enquanto isso, o sol tosta desnutridos fraquinhos...