O senhor mercado
Me convida para festas mirabolantes,
Praias paradisíacas, roteiros únicos,
Quer me ensinar línguas, estradas, montanhas, labirintos abissais...
Ele me chama pra conhecer vulcões,
Cânions, corredeiras, rios, cachoeiras,
Me mostra cataratas, mergulhos,
Comidas exóticas, prédios de centenas de andares...
Todo dia uma novidade, uma sedução, um abuso de poder.
Até carne humana tem no cardápio. De trans-humanas a heteronormatividades, o que vale é entrar no jogo, aproveitar.
O mercado não cansa, bate na minha porta, manda cartinha, bilhete, telefonema, mensagens em redes sociais, até recadinhos por amigos...
Tudo pra me dizer o que é a vida e como desfrutar do bom e do melhor...
Eu olho tudo com escárnio, cara de nojo e de desconfiança.
Matreiro que sou, prefiro minha sopa de legumes colombiana, um banho de cuia, aconchego de gente.
Mercado? Só valoriza quando se tem o que gastar. Depois de te desgastar, te cospe fora, te vomita e vai em busca de uma nova vítima