INJUSTIÇA
*INJUSTIÇA*
A Musa vestia o Branco, apenas.
Ostentava o Direito outorgado do céu
Carregava na mão a balança de prata
E nela a cabeça do pobre réu.
Vinha a Musa como as pombas
Altaneiras, plácidas e livres
Apregoadora da justiça do privilegiado
Silenciada quanto ao sangue dos seus crimes
Nunca pisava a Musa nos subúrbios
A veia azul não alcançava
Quanto ao pequeno, preto e marginal
Agilmente o seu braço traspassava
Endurecida ao grito dos fracos
O mero cheiro da senzala gerando-lhe ânsias
Andava a Musa de Torga soberba
Que ao excluído não dava esperanças.
Thermis símbolo do reto
Thermis, deídade dos oprimidos
Porque se vendeu por tão pouco
E ao injustiçado não destes ouvidos?