A menina que colhia versos no cesto de lixo
Naquele município novo e distante
Nos confins do país
Padrão formal de antanho
Distante e obtuso
Seguindo o passo do passado
Como seria sem uma escola?
Sem uma professora
Mostrando um norte
O que seria daquela criança,
Sonhadora, com fome de conhecimento
Com sede de querer saber, curiosa
Pés no chão, olhando o céu no horizonte
Queria distinguir as entranhas da matemática
A ciência da geografia, do desenho, da arte
Da política, da língua e suas nuances
Os caminhos da musica, da poesia
Como realizar esta façanha
Se recurso não tinha
Pobre, sem livros
Sem previsão de tê-los
Sem provisão, alías não eram aceitos
Para as mulheres
Naquela era
Qual seu provedor
O lixo, lá encontrou
Muitas paginas sumiram, outras por vezes
Estavam apagadas, letras gastas pelo tempo
Mas eram lidas avidamente às escondidas
Seus pais não podiam tomar conhecimento
Onde guardá-las?
Página por página muitas soltas
Acondicionadas em ocos de paus na roça
Cuidadosamente embrulhadas em folhas secas.
À noite quando encostava a cabeça no travesseiro e pensava
Será que o orvalho vai umedecê-las?
A chuva era um pesadelo! Como chovia naquele tempo!
Pouco dormia de preocupação.
Felizmente aquela menina não foi pega naquela travessura
E cresceu, teve condições de atravessar a vida e sonhar
Melhor ainda, realizar seus sonhos, que não foram poucos
Dentre eles, apreciar uma boa leitura
Sentir a olhos vistos que a leitura
Danifica seriamente a ignorância
Mas, mais que isso com ela criamos asas
Imaginamos o futuro criando e vivendo
O presente em toda sua plenitude
Felizmente havia uma escola naquele lugar
Tinha uma professora e um cesto de lixo
Com um livro dentro
Minha admiração , Genice