SOB AS PONTES

Sob as pontes, habita gente

pessoas que choram e sangram.

Mas devia habitar gente

sob as pontes?

Como pessoas, sentem!

Como pessoas, têm fome

vivem a dor que os consome.

Sob as pontes, sofrem.

Sob as pontes, passam frio

amam e se desesperam

na dura noite, que exaspera

a desumanidade hostil

Sob as pontes, existem!

E embora seja impossível

passar sem percebê-la

essa gente é invisível

Devia existir gente

sob as pontes?

Sob as pontes, a pinga aquece

e espanta o frio violento.

Cada dose é um alento

para a alma que padece

num corpo ao relento

Devia haver corpo

ao relento?

Sob as pontes, faziam morada

pessoas sem uma morada

Ali debaixo, eles dormiam

ali embaixo, eles morriam

mas ninguém percebia

Devia morrer gente

ali debaixo?

Sob as pontes, agora há pedras

Quem já nem tinha casa,

agora não tem sequer ponte.

Ali, viver não tem graça.

Morrer? Morrer onde?

Deviam colocar pedras

na casa de quem não tem casa?

Vininha Moraes
Enviado por Vininha Moraes em 03/02/2021
Código do texto: T7175615
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