Dos meninos


Dois meninos sentados no alto de um ancoradouro, um suntuoso posto
Em um tronco seco, curvilíneo e arredondado, como se fosse um palco
Olhos pretos, muito magros, uma leve timidez estampada nos seus rostos
Um tanto contidos em suas falas, seus gestos delicados, os pés descalços.


O sol ardente em suas peles, acostumados com o calor, não se importavam
Aguardavam a passagem de transeuntes, que por ali passavam para contato
Instigavam conversações brandas, alegres do jeitinho que as crianças gostam
Balançando as suas perninhas e num ímpeto! Pularam rolando como um jato.


Livres como as gaivotas que sobrevoavam por ali, proseavam contando causos
Seus dedos dos pés, marcados por batidas e tropeços por andar de pés no chão
Apontavam para os dedos e contavam até cinco. Mamãe que ensinou, aplausos…
Diz um deles: essas cicatrizes na perna, foi papai que fez sem querer. “Sabichão”.


Puras almas pequeninas, na mais tenra infância, vivem se equilibrando em fios
Peregrinam na inocência em busca de aceitação e amor, confundem maus tratos
Com a falta de ternura e a maldade de alguns, são os nossos eternos desafios
Ter mais sensibilidade para com os nossos pequeninos. Ensejemos bons tratos.










Texto: Miriam Carmignan
Imagem Google