Os filhos de Amália
Ser filho de Amália é duro
Como sempre foi para ela
É ser couro, ser pedra
E tantas vezes ser sela
Barriga grande e vazia
Sem camisa e pé no chão
Farinha, água e açúcar
Todo dia é seu rubacão,
Seu caviar, seu filé mignon
Mesmo assim é melhor que fome
E de que vale a justiça dos homens?
Vai para a escola e aprende
Force a mente e vê se entende
Para um dia poder ser “gente”
Come açúcar queimado
Pão velho seco e torrado
Pois doce é coisa de rico
Pão fresco é para abastado,
Ou será que estou errado?
Vai para a escola e transforma
Seu sonho, sua ilusão
Quem sabe num amanhã
Pão fresco e filé mignon
Poderá e com certeza
Ter um dia em sua mesa;
Afinal são tantas Amálias!