MORTE E VIDA PAULINA
Paulistano sou
Há sessenta anos;
Cada dia, aqui vivo
Um pouco.
Da taipa à Paulista concreta,
Casarões cor de sangue azul
Quatrocentão.
Periferias feridas,
Cor de sangue
Negro e migrante.
Metrópole
Mãe de miragens.
Primeiro,
Xangri-lá Paulista;
After,
Mahagonny, cosmopolita.
Poluição acelera coração
Na Ipiranga com São João.
Neto do Arnesto
Detesta samba;
Nem tem trem
Hoje ou amanhã
Em Jaçanã.
Álvares Azevedo morreu cedo;
Alcântara Machado virou viaduto;
Andrade, constelação.
Paulistano sou
Há sessenta anos;
Cada dia, aqui morro,
Um pouco.
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