Ser inabalável
Hoje eu só quero viver do que
me alimenta a calma
Amanhã a Deus pertenço;
eu, presente e passado,
meu anátema
Já não me importo com o que
me veste o corpo, a alma
Insurgente invisível do ser
inabalável
Sem dramas, sem coisas,
sistemas,
convenções nem problemas
Só durmo no claro do escuro,
Não rezo pro santo,
São Vitalício é o meu seguro
Eu ando no meio da rua
cantando pro vento,
contando edifícios e lendo fachadas
Olhando as vitrinas percebo
no espelho das lojas fechadas
Pessoas me olhando do cimo
dos muros e sacadas
Minha gente sorridente
com faca nos dentes
Dormitantes do outro lado
da calçada
Alheias ao próprio destino
Prevendo um futuro obscuro
Além dos limites dos muros,
Aquém do se passa do outro lado.