Exaltações
Os teus fantasmas são brancos,
A minha pele é preta,
A tua fala é banquete,
Que o meu ódio alimenta.
Pra quem lutou contra fome,
Não intimida careta,
Enquanto empunham armas,
Vou com papel e caneta.
Tenho a intenção de ferir,
Enquanto quer me matar,
Enquanto escrevo calado,
Quer ofender e gritar.
O meu lugar é o mundo,
Não onde quer me enfiar,
Neste buraco profundo,
Onde ninguém possa enxergar.
Levante a cabeça irmão,
Vamos, não caia na lona,
A cada golpe aplicado,
A sua força retoma,
Bote na ponta do punho,
A força dos anciões,
De todo povo escravo,
Indígenas e aldeões,
De todos os excluídos,
Que arrebentaram grilhões,
De todos os flagelados,
Que choram pelos sertões,
E a todos os humilhados,
Exija, exaltações.