Exaltações

Os teus fantasmas são brancos,

A minha pele é preta,

A tua fala é banquete,

Que o meu ódio alimenta.

Pra quem lutou contra fome,

Não intimida careta,

Enquanto empunham armas,

Vou com papel e caneta.

Tenho a intenção de ferir,

Enquanto quer me matar,

Enquanto escrevo calado,

Quer ofender e gritar.

O meu lugar é o mundo,

Não onde quer me enfiar,

Neste buraco profundo,

Onde ninguém possa enxergar.

Levante a cabeça irmão,

Vamos, não caia na lona,

A cada golpe aplicado,

A sua força retoma,

Bote na ponta do punho,

A força dos anciões,

De todo povo escravo,

Indígenas e aldeões,

De todos os excluídos,

Que arrebentaram grilhões,

De todos os flagelados,

Que choram pelos sertões,

E a todos os humilhados,

Exija, exaltações.

Charles Alexandre
Enviado por Charles Alexandre em 27/10/2020
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