O homem sem nome

Na casa

onde moro

tarde da noite

noite sim

noite não

a campainha toca.

Faz sempre um gesto

com a mão

pedindo comida.

Ele chora

com a mão

esbraveja

sua pele e suas rugas e seus olhos

o corpo chora e esbraveja e implora.

E denuncia a miséria

a miséria

a miséria.

Tem fome

o meu amigo tem fome

ele nunca falou

mas eu sei.

Ele tem nome

e eu não sei o que é ter fome

nem você, que me lê.

Ele é homem

tem fome

e minha alma dói que tanto dói

pela fome.

Janta comigo

tarde da noite

noite sim

noite não

o meu amigo sem nome.