Para todos os estrangeiros de Camus

Vejo aqueles que se aprisionam

e vivem apenas uma encenação

escuto o que por dento gritam

e choro com eles pela libertação

Sinto o medo que eles emanam

e como fogem dos julgamentos

é triste a forma como se auto enganam

para caber em velhos assentos

E por todas ruas eles estão

vivendo reféns da aceitação

com medo dos olhos da sociedade

sendo esmagados pela normalidade

Todas as manhãs acordo em luto

pois os estrangeiros matam suas diferenças

tornam-se iguais, repetidos produtos

renegando suas crenças

Eles vivem em nossos lares

são pais, mães ou filhos

são qualquer estranho que encontrares

com casa fixa ou andarilhos

Eu abro meus braços para vocês

estranhos, diferentes, rejeitados

nesses tempos de liquidez

quero que se sintam abraçados

Quebrar as correntes é entrar numa batalha diária

mas a vida é uma só para ser prisioneiro

vai morrer escravo de uma vida falsária

ou será livre sendo julgado como o estrangeiro?

R J Ferreira
Enviado por R J Ferreira em 08/10/2020
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