Um diálogo no jardim de pedras da ilusão
Posso?
Pode o quê?
Ser feliz?
Claro, temos essa liberdade!
Posso pegar aquele jornal?
Para ler?
Sim. Saber das novidades e depois...
Depois o quê?
Depois de ler tudo irei enrolar aquele peixe
Que pesquei no rio.
Tive a liberdade de pescar o peixe que o rio fez nascer.
Pesquei com minhas próprias mãos.
Livres, sem amarras, sem algemas.
Posso correr?
Posso correr assim como as aves voam livres pelo céu?
Pode!
Posso parar diante de um jardim e colher flores
Para a amada que eu desejar e sonhar?
Claro que sim, vivemos felizes e livres, como eu já disse.
E esse muro? Queria que ele não tivesse aqui.
Posso pular para o outro lado?
Irei destruir esse muro e construir uma ponte para sermos livres.
Não! Aqui dentro a gente é mais gente, mais livre.
Lá fora estão destruindo nossos desejos, nossos sonhos,
Destruindo todas as liberdades que construímos
E que vimos nosso povo morrer por ela.
Mas aqui não é nosso lugar, aqui é muito longe de casa,
De minha cidade, de meu país.
És livre para ir!
Mas saiba que as luzes da democracia pelo qual lutamos
Para ser vivida e revivida, está sendo consumida pelo mal.
Estão rasgando nossa história, gastando nosso tesouro.
Envergonhando nossa nação.