A Plena Lucidez do Silêncio
Quero dizer-te algo
Mas,
Fico em silêncio.
Olho a pequena paisagem daquele lugar,
Esquecido lugar de nossos pesadelos.
Um rio seco,
Uma casa devastada
Fome, muita fome.
Escuto diante da solidão suprema
O ar venenoso do silêncio.
Quero dizer-te algo
Mas,
De mim nada sai, apenas meus pensamentos nublados,
Porém não há a sordidez de uma chuva
Só o gemer nocivo da dor existencial nossa de cada dia.
Fome, muita fome,
Destruindo nosso afeto, nossas carências,
Contudo,
Fico em silêncio,
Temendo a perda de nossos sonhos.
Um rio seco sem nome
Um terreno devastado pela ausência da bondade.
E as esperanças presenteadas pelas mãos pesadas
De uma fé egocêntrica, pueril e intocável.