Crianças e a negação
Crianças sendo abortadas já grandes,
O futuro mais provável é a sarjeta,
Num terreno baldio ou numa gaveta.
Crianças pedintes no calor das tardes,
Tarde nas noites, sem alimentos,
Com a barriga vazia vão dormir no relento.
Crianças comendo pelas calçadas,
Pessoas mudando para o outro lado da via,
Ninguém se dispõe a ajudar,
Preferem desviar as pernas e o olhar,
Pois a sociedade tem nojo do que ajudou a criar.
Políticos calados diante do caos,
Mães a procura de seus filhos,
Filhos a procura de seus pais.
Nada falavam, nada viam e nem ouviam,
Mas todos sabiam que os direitos dos pequenos coibiam,
Por isso fingiam. Viva a hipocrisia!