MALDITA VÍRGULA!
A vírgula exterminou
Meu desejo
De aprender redação.
Há anos venho sendo corrigido
Série a série, texto a texto:
Ano novo velha aflição.
Caprichei na introdução,
Desenvolvi o pensamento
E retomei as ideias
Do início, na conclusão.
O mestre tinha meu texto,
Lia e procurava
Chifres em cabeça de cavalo
E dentes em boca de galinha,
Em cada palavra, em cada linha.
Notei sua decepção
Por não encontrar erros
De ortografia, nem de acentuação.
Mas logo deu um jeito
De riscar de vermelho meu texto
Ao descobrir uma
Maldita vírgula depois do sujeito
E um ponto final
Em minha derradeira motivação.