Um ponto no céu
aí o homem chega, prepotente,
vomitando a sua pseudo santidade,
cantarolando sua verdade,
papo pra derrubar muita gente.
chega como se fosse o cara,
o dono de uma tal situação.
se deixar, ele vem fundo, ele vara,
mete a faca e ainda te chama de amigão.
ele vai na igreja, se ajoelha e ora,
beija o padre e nem pede perdão;
ele invade a sua vida sem demora,
fuça seus pertences, bagunça seu coração.
chega na sua festa sem ser convidado
e, ainda, traz com ele família inteira
apesar do sorriso, nunca está pra brincadeira
pensa num cara escroto, esculhambado.
estamos cheios desses no nosso meio
donos da verdade, sem medo, sem educação,
sem saber o que é respeito, sem noção
vivente da sua absoluta realidade, sem receio
mas, a vida é sábia e entrega o castigo na hora certa
a máscara vai caindo, morosamente, gradativamente
e mais que de repente, surge a descoberta:
era um ponto no céu, não era estrela reluzente