Por aqui quase impossível
já pensei em me mudar
e, não me pergunte pra onde irei,
se nem mesmo eu sei.
talvez, cochinchina, xangri-lá,
quem sabe, apenas, um modo de sonhar?
penso em mudar de ares,
um lugar que tenha flores,
que exista troca de olhares,
repleto de luzes e cores,
banhado de mil amores.
um lugar onde a gente seja a gente,
sem julgamentos, preconceitos;
sem o que é errado, o que é direito;
sem receios do trato pungente,
respeitando o posicionamento alheio.
penso em navegar em outros mares,
onde a água seja cristalina,
onde a amizade seja verdadeira, divina;
onde haja jardins, vergéis, pomares;
onde a luz seja bênção para minha retina.
um lugar onde a gente possa se tocar
sem a crítica vil, infame, da pessoa alheia.
onde trocar afagos, beijar, abraçar,
seja uma forma de troca de carinho, de amar.
numa sociedade que esparze o amor, que semeia.
a questão é que, por aqui,
está cada vez mais impossível.
não se consegue mais sorrir,
o choro é, praticamente, previsível
e, a dor? ah! uma dor terrível!