SOTEROLHARES
Desperta o galo às cinco,
Abrem-se portas e janelas
Verdes, vermelhas, amarelas.
E o mar, sereno, olhando...
O mar, calado, espelha
Os barquinhos de remo.
Os de vela esperam o vento.
E as casinhas olhando...
Acorda São João do Cabrito
Plataforma, Lobato.
E sobe o cheiro do café, do mocofato.
E o mar, sereno, olhando...
Pede licença ao fim da noite
O sol, sonaldino ainda,
Criando juntos uma imagem linda!
E as casinhas olhando...
D. Luzia acordou as quatro,
Roxa nina o bebê que chora,
E o cão sorri, saltando fora!
E o mar, sereno, olhando...
“Já vai¿” Evaristo pergunta
A Gato Mestre, na areia, rede em mão.
“Tô indo, guerreiro, mestre, irmão!”
E as casinhas...
Olhando as águas do subúrbio
De uma Salvador guerreira
De um povo que raia com o sol.
E o mar...
Olhando as casinhas
Estreitas, penduradas, coloridas
Apaixonadas pelas águas
Da serena baía.