Pepúdio
Mais do que o pecado
é este desejo oculto que ferve o sangue,
queimando a pele; é um grito alucinado
que a boca revela.
Mais do que ausente é participar da amnésia,
o cético pudor do esquecimento falso,
sempre sorrir na hora de chorar,
falar quando se quer silêncio.
Mais do que transitório
é correr sempre a frente dos dias,
fazer de hoje o amanhã,
como ontem sem nuanças, sem perspectivas.
Mais do que miséria
é contemplar a fibra do povo
sem encontrar, nem almejar nada de novo,
prosseguindo na luta, sob o jugo,
a prepotência do poder que lhes nega a vida;
o simples ato de viver com dignidade.
Mais do que a irreverência
é saber que se nada muda,
não mudamos também.
Se temos causas, não usamos.
Só palavras, palavras proferidas em baixo tom,
pela coragem exilada.
E mais do que o pecado é o desejo oculto,
o segredo da explosão,
a coerente vontade de participar
vedada, velada pelo receio,
pelo nobre poder de portar no peito
apenas um bumbo que vibra no carnaval,
para acatar e dormir na quarta-feira de cinzas.
Mais do que tudo
é o disfarce que faço, até nos poemas.
Troco palavras, temas,
imbuído pelo fato de calar,
postado no orgulho de ser e poder,
caminhar e sorrir só,
com uma louca vontade de ferir o mundo,
este povo covarde.
Somos feitos um para o outro,
soterrados, pisados no rosto, na lama, no pó.
Mais do que o pecado
é este desejo oculto que ferve o sangue,
queimando a pele; é um grito alucinado
que a boca revela.
Mais do que ausente é participar da amnésia,
o cético pudor do esquecimento falso,
sempre sorrir na hora de chorar,
falar quando se quer silêncio.
Mais do que transitório
é correr sempre a frente dos dias,
fazer de hoje o amanhã,
como ontem sem nuanças, sem perspectivas.
Mais do que miséria
é contemplar a fibra do povo
sem encontrar, nem almejar nada de novo,
prosseguindo na luta, sob o jugo,
a prepotência do poder que lhes nega a vida;
o simples ato de viver com dignidade.
Mais do que a irreverência
é saber que se nada muda,
não mudamos também.
Se temos causas, não usamos.
Só palavras, palavras proferidas em baixo tom,
pela coragem exilada.
E mais do que o pecado é o desejo oculto,
o segredo da explosão,
a coerente vontade de participar
vedada, velada pelo receio,
pelo nobre poder de portar no peito
apenas um bumbo que vibra no carnaval,
para acatar e dormir na quarta-feira de cinzas.
Mais do que tudo
é o disfarce que faço, até nos poemas.
Troco palavras, temas,
imbuído pelo fato de calar,
postado no orgulho de ser e poder,
caminhar e sorrir só,
com uma louca vontade de ferir o mundo,
este povo covarde.
Somos feitos um para o outro,
soterrados, pisados no rosto, na lama, no pó.