DO OUTRO LADO DA PORTA
Nas salas de reuniões,
políticos e patrões se deslindam em harmonia;
sortes leiloadas, acordos fechados, cemitérios abertos;
aroma azedo das palavras sem versos.
Suas canetas tingem o papel de vermelho feito lâminas,
rasgando o tempo, empilhando corpos, secretando tramas;
ouvidos da sala guardam segredos que o olhar da luz revela;
papéis denunciam trapaças que o espelho das paredes testemunha;
sorrisos contidos em lábios abandonados na brisa fria da espera,
a resposta expõe o riso irônico do outro lado da porta.
Após mais uma sessão,
a esperança vela com seu véu mais velho o destino da nação.
Aos tiranos não interessa bem estar social,
alegria coletiva;
a locomotiva dos seus interesses tem pressa pra levar o ouro,
que roubou do tesouro.