Isaura
Na janela da casa,
A língua ardendo feito brasa.
Isaura olha para o lado
Esperando um novo “babado”.
Fala da roupa do João,
Que lhe disse um não.
Não a quis para namorada,
Quando a viu na “balada”.
Fala da Maria,
Sua tia.
Diz saber de tudo
E jamais ficar com o coração mudo.
Sempre quer fofocar,
E não espera a noite acabar.
Fala do padre,
E do convento, da madre.
Do pássaro que canta,
Tapa os ouvidos com uma manta.
Isaura é mesquinha,
Briga por causa de uma galinha
Que passou para seu quintal.
Da vizinha, fala muito mal.
O tempo vai passando,
As horas vão andando.
Isaura, na janela,
Não põe fogo na panela.
O jantar é altas horas,
Recheado de amoras.