Ninguém sobre ninguém
Entenda, não é sobre você
Sobre ter sua permissão
Sua aceitação, sua compreensão
Não é sobre ter sua defesa
Nem um lugar à sua mesa
Não é sobre ser aceita
Não é sobre você, nem abaixo de você
Não é sequer sobre estar ao seu lado
Não é sobre ser defendida, promovida, protegida, liberta
Não é sobre ter sua aprovação nem sobre atingir a sua meta
Entenda, não é sobre você
Você, que se entende como "o ser" e me vê como "o outro"!
Há entre nós um social abismo
Se pergunte e se responda, em primeiro lugar:
Pró feminismo? Tá pronto pro desconforto?
Consegue colocar na prática as falas do teu ativismo?
Entende que teu falo te garante sempre o protagonismo?
Abrir mão dos seus privilégios, tá disposto?
Oh, moço! Ouvir é o primeiro passo
Você faz parte de um "cistema", projeto heteropatriarcado
Onde é que você rompe com a posta estrutura
Que massacra, aliena, silencia e quando não mata, tortura?
Não é a sua mão que sutura tanta ferida exposta
Mão ativa na mesma engrenagem que gera essa agrura
Já sacou que é balela esse papo de eu ser parte das suas costas?
E então, já conseguiu enxergar o tão evidente conflito?
Não é minha obrigação educá-lo, não é minha prioridade
Mas já que me resta alguma boa vontade, neste recado aplico
Para além de qualquer neologismo, é sobre resgate de humanidade, implodir a arquitetura do machismo
E então, entre seus "textículos" e seu textão o que você me pede é que eu não te ofenda?
Só escancara o querer revanchsimo, só reforça o quão frágil é sua masculinidade e o quanto se vale do seu achismo
E então, entre suas falácias e o querer chamar atenção, o tal do "feministo", óbvio, é lenda. Volte dez casas, tire o cavalo da chuva, corte suas asas. Não é sobre você! Entenda!