Duas Faces da Mesma Moeda

Duas Faces da Mesma Moeda

Tem vezes que penso que sou conservador…

Minha cara sisuda, meio senho franzido,

Meu pedido de ordem e de busca de sentido,

Meu desejo de recuperar algum perdido valor!

Mas o que eu quero e busco conservar?

Será que conservaria as diferenças sociais?

Ou as intolerâncias religiosas e gerais?

Ou as proibições sobre os modos de amar?

Não, não devo ser conservador!

Não penso que eu seja,

Por mais que eu me veja,

Eu devo ser doutro modo de me compor!

Então tem vezes que eu ache que seja revolucionário!

Meu desejo de mudar tudo ao meu lado,

De alterar tudo que eu ache errado,

De criar um mundo utópico, meio visionário…

Mas o que eu quero mudar afinal de contas?

Será que eu mudaria o conceito de amor?

Ou mudaria da liberdade o seu valor?

Ou até a hora que o sol desponta?

Não, não devo ser revolucionário!

Não penso que eu seja,

Por mais que eu me veja,

Eu devo ser doutro modo extraordinário!

Mas tem vezes que me sinto mesmo conservador,

Minha cara sisuda, meio senho franzido,

Meu pedido de ordem e de busca de sentido,

Meu desejo de recuperar algum perdido valor!

Mas o que eu quero e busco conservar?

Talvez o desprestígio da educação e da saúde…

Talvez a exploração dos pobres e dos mais rudes…

Ou ainda, as intransigências por onde se pode vagar!?

Não, não devo ser conservador!

Não penso que eu seja,

Por mais que eu me veja,

Eu devo ser doutro modo de me compor!

Então tem vezes que eu ache que seja revolucionário!

Meu desejo de mudar tudo ao meu lado,

De alterar tudo que eu ache errado,

De criar um mundo utópico, meio visionário…

Mas o que eu quero mudar tanto no mundo?

Será que eu mudaria a sede de justiça?

Será que eu trocaria o trabalho pela preguiça?

Ou entre os conceitos de paz e guerra eu preferisse o segundo?

Não, não devo ser revolucionário!

Não penso que eu seja,

Por mais que eu me veja,

Eu devo ser doutro modo extraordinário!

……………………………….

Mas se quando eu me veja conservador,

Me descubra um revolucionário,

E quando me ache revolucionário,

Me aparenta ser um conservador,

Devo ser traidor de mim mesmo?

Ou um volúvel volátil a vagar a esmo?

Não sei quem sou nem por onde vou,

Mas de fato, eu sei que o que me restou

É abdicar de tudo que tolha a imaginação,

De tudo que me proíba o coração,

De qualquer coisa que me tire o solo

E que me inverta o sentido e os polos...

Enfim, nem um nem outro modo de ser,

Busco sempre tudo o que me faça crescer!