“—E daí?” (Domingo, 03/05/2020)
Enterros coletivos.
Valas abertas
às pressas por tratores
em Manaus.
Que cena! Que cena!
O caos na saúde, o caos.
Em todo Brasil, a curva sobe
de forma exponencial
e do pico, ainda não se sabe.
Tentam achatar a curva
mantendo o isolamento social,
pra barrar a calamidade.
mas “E daí?”
“— Eu sou Messias mas não faço milagres”,
Disse, hoje, o presidente-caos,
durante passeata contra a democracia
em plena pandemia.
(Eu não queria falar
em política em meu poema,
mas os maus exemplos
do Palácio do Planalto
é algo surreal,
um grande mal
e eu não posso me calar
enquanto ser social).
Os “patriotas”
que até rimam com idiotas,
apoiando e protestando
com bandeiras do Brasil
e da seleção brasileira,
o fechamento do congresso,
do judiciário e a volta do AI-5...
Uns parasitas pingados
que não representam o povo brasileiro,
povo “acima de tudo um forte”,
esperançoso e guerreiro.
Muita gente como eu,
pra não se identificar
com essa gente mesquinha,
não vai mais querer vestir,
nos jogos da seleção,
a camisa canarinha.
Não deviam carregar
a bandeira do Brasil,
e estou, também, confesso,
com vergonha de sair
por aí com a bandeira,
pois tão fazendo besteira,
muita desordem e atraso
e nunca “Ordem e progresso”.
E o brado deles
não é um brado retumbante
que faz brilhar o sol da liberdade
no céu da pátria,
principalmente nesse instante
crítico de uma pandemia.
Até nos hospitais de campanha
feitos para ter mais UTIs,
faltam UTIs, médicos, especialistas,
enfermeiros, remédios e EPIs.
— Falta respirador!
— Respirador! Por favor!
— Respirador! Respirador!
Só não falta amor.
E vai aqui meus aplausos
aos profissionais da saúde,
que estão na linha de frente
com determinação e fé
ajudando muita gente
nesse salve-se quem puder.