Menino pobre


Pobre criança do morro, sem infância,
Imiscuído, na miséria, onde nasceste hoje vegeta.
Sempre recalcado pela inferioridade e ignorância
Cresce assim no desajuste e logo seu destino decreta.


Tem a beleza da cidade aos seus pés, sempre à vê por cima
Mas vive abaixo de tudo, por culpa da sociedade infecta.
O menino do morro, de hoje, quase sempre amanhã se destina,
Em um pária da nobre e cultural sociedade seleta


Enchem-se cadeias, superlotam-se presídios,
Vão pagar o que? O crime com a sociedade,
Que não lhes deu alfabetização, subsídios.
Súcia, que não olha para o morro, a séria da bela cidade.


Segue menino pobre, ainda não houve reformas sociais.
Continue à margem, sem conhecer o alfabeto da dignidade.
Não és culpado, em sua ignorância não entenderás jamais,
Que a culpa está bem lá embaixo, nos engravatados da cidade.