Viroses

Chovo-me dessas águas tristes. Vão para o fim da terra.

Ando, caminho, desencontro.

Nem só de carne vive o homem,

mas do pão de cada dia,

de sonhos e das alegrias.

Renascido, não mais choro.

Quem sabe nunca soubeste de mim como sou?

Ouvistes-me na indiferença dos teus sentidos,

olhei para o sol, queimei a face,

chorei a carne.

O que me sobrou?

tuas sobras!

Que forte escuridão há nessa tua tão pouca luz,

sóbria como minha espera cansada,

cheia de ousadas lapadas,

o dás com tuas mãos

na face de minha outra face,

na dor de minha outra dor,

tu sabes: no deserto de minhas contra-mãos.

Poema inédito: 04/07/2020

Paulino Vergetti Neto