ELE
Filho torto, abandonado
Sem tempo pra solidão
Só se sente quem é gente
Não ele, vazio, sem pão
Louco pra sobreviver
Foi pro norte renascer
Lá conheceu sua lida
E aos doze seguiu a vida
Mas a angústia que pisava
No vermelho do cerrado
Queria voltar pra casa
E aos dezoito foi levado
Carregou-o a esperança
De criar uma lembrança
De um mundo em que não tem fome
Um eterno choro que some
Aos poucos, com muita garra
Aprendeu a se virar
Sua história escrita na marra
Enfim conquistou seu lar
Ele, que tudo constrói
Família, casa e alegria
Em narrativa de herói
Tão simplesmente invertida