Ruas vazias
Nessa pandemia
as ruas estão vazias.
Um vazio, as ruas vazias.
Ruas vazias. Quem diria?
Os semáforos acesos
se sentem ridículos.
Abrem, fecham, ficam amarelo,
mas não passam os veículos.
As faixas de pedestres
se sentem inúteis e apagadas
e embora sejam as mesmas
lindas, brancas e listradas,
estão ficando piradas
sem ver gente por ali
e perguntam ao sinal pelo
direito de ir e vir.
As pontes e viadutos
são dinossauros deitados
e os parques apavorados
foram para os quintais.
Não há ninguém mais
contemplando o show das fontes
e em cima dos passeios
nasce grama aos montes.
Os asfaltos urbanos
estão muito mais quentes
e sem ter engarrafamentos
veem o céu constantemente.
Os prédios comerciais
agora sempre fechados,
nunca tinham se deparado
com os seus vizinhos ao lado
ou os vizinhos logo à frente.
Agora estão maravilhados
com a vasta rua vazia
que nunca imaginariam.
E sem ninguém pra perturbar
têm tempo pra conversar.
Mesmo na hora do rush,
as árvores das cidades
escutam somente agora
silêncio e tranqulidade,
ouvem mais os passarinhos
cantando e fazendo ninhos.
E a grama lá da praça
tá crescendo mais verdinha.
pois as solas de sapatos
não dão nem uma pisadinha.
Os beija-flores nas praças
respiram um ar mais puro,
voam mais despreocupados
e se sentem mais seguros.
Pairam mais belos no ar
por um tempo mais além
e não olham mais pra trás
para ver se vem alguém.
Fitam por mais tempo,
as flores...
Mais românticos
de amores.