Especulações em torno da Covid-19
Mas que coisa, um vírus,
que pegou carona
na anatomia.
Algo unificante?
Uma nova pangeia
e geografia?
Como nos sentir,
ver-nos a nós mesmos,
se algum homem some?
E o vírus vai
junto de outro homem,
crescendo seu nome.
E não perde um espirro
e as células que come
só lhe acrescenta
e nos subtrai
um parente, o Pai?
Tá sem fé, o homem?
Onde estás ó Deus
que não nos respondes?
Qual a sua tática?
É ter fé no homem?
Respondestes, sim,
às Vozes D'África.
Como reiventar-se,
melhorar a si mesmo,
diante desse vírus?
Fabricar produtos,
produtos, produtos
pra encher o homem?
Quanto vale um rico?
Menos, com o vírus?
Vale quanto, um homem?
Ou o que ele faz
é o que vale mais
que o dinheiro infame?
Valem mais coveiros,
garis, enfermeiros,
médicos ou bombeiros?
Que valor tem o homem?
Isso não importa
ao Corona vírus
que invade o homem
branco, preto, pobre,
rico, certo ou torto.
E um paciente,
menos um que outro,
vale nada, morto,
se o valor de gente
é medida cara
e isso mata a gente?
Não tem fome, a morte,
que a si se come,
a culpa é de quem?
O governo dorme?
Quando dorme, morre
e acorda o homem?
Mais valor ao voto
que carrega, arma
que transforma, dono
que ele sabe, incerto
se dá certo ou não?
Político é vírus?
Enfrenta o homem?
Por que vírus e homem
andam de mãos dadas?
Estão desgraçadas
as horas do homem?
Tem mais tempo, o homem?
Covid outra vida
e já repetida,
convida ao Aqueronte?
Por que é frágil o homem
e forte é um vírus
que nos tira o outro?
Mas que coisa, um virus,
sem medo do homem,
aparece aos montes
num simples espirro,
multidões são pontes
gotículas, tiros.
Por que vive o vírus?
Quem o força a isso,
carniceiro atroz?
Onde vive o virus,
se é certo que vive
sem estar em nós?
E por que não temos
vacina eficaz
e que o desmonte?
Por que mente o homem?
Tantas fakes news
que são um afronte?
Por que é que somos
bem pior que o vírus
propagando o ódio?
Mas que ódio, o homem.
Como pode, o vírus
ter um aliado?
Há algo no homem?
Tem alma, bom senso?
O quê o destrói?
Como sabe o vírus
que o egocentrismo,
é um alvo fácil?
Pra que serve o vírus?
Pra acordar o homem,
de seu sono insonte?
Pra servir o homem?
foi cria de Deus
ou cria do homem?
Esse é mais um caso
pra Sherlock Holmes.
Vai ter resultado?
Ou foi o demônio
escondendo o jogo,
e o destino, a fonte?
Vírus, homem, vírus.
Afinal, quem somos?
Por que tantos grilos,
se a vida é dádiva
e as dívidas dívida
do capitalismo?
Vírus, homem, vírus.
Afinal, quem somos?
Pra que tantos lucros?
Homem, vírus, homem.
Afinal, quem somos?
Pra que tantos muros?
Como pode um vírus
dar inicio ao século
vinte e um pós-Cristo?
Atômica bomba,
não só de Hiroshima,
ou de Nagasaky,
mas do mundo inteiro,
cogumelo humano?
Como está o homem?
Louco ou normal?
Novas criaturas,
passado esse mal?
Onde está o homem?
Nos shoppings, nos bares?
Agora, nos lares?
Milagres existem
famílias são mares
são portos seguros.
Quem sabe do virus?
Doença ou missão
pra parar o homem?
Quem sabe do virus,
senão a natureza
protentora e mãe?