DARK AGES #4 - VISÕES DO CAOS

Porque os tempos são soturnos em meio às luzes

labirintos em meio às estrelas

se esvaziam de sentido

qual grãos de areia nas ampulhetas

ou o último visionário das redes sociais

nuvens de peste e descrença

despejam acidez sobre nossos poros

a praga é tanto negra como oriental

em nosso racismo e covardia tentamos fugir

entre as duas desertas

cheias de ódio e tantas mentiras

testemunhas de nossos bodes expiatórios

dizem que agora é o Apocalipse

especulam que sou louco

pois gritava nos caracteres do Twitter

nadava nas ondas de mim rádios e wi fi sem fim

cantando mil trovas poéticas sem preço

no entanto as mensagens se perdiam

trocadas por diversão para as massas e tolos

sábios deixavam o século das luzes para os palhaços

de repente a Terra se tornou plana

os vermes agora roem esta carne viva

quantos países já podres por dentro

esperam qual troncos velhos

pelas chamas e tempestades nas florestas?

não perdoai minhas dívidas

grita o homem do terceiro mundo

devolvei meu mundo

reis e rainhas se assentam sobre a escravidão

não basta apenas derrubar estátuas

se essas grandes muralhas se assentam sobre almas

em Berlim o muro caiu

Lenin caiu

duas torres se foram

dizem que o sonho acabou

mas as visões do caos e das enfermidades

não nos abandonam jamais

Ronaldo Thomé
Enviado por Ronaldo Thomé em 21/06/2020
Reeditado em 21/06/2020
Código do texto: T6984275
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