DARK AGES #4 - VISÕES DO CAOS
Porque os tempos são soturnos em meio às luzes
labirintos em meio às estrelas
se esvaziam de sentido
qual grãos de areia nas ampulhetas
ou o último visionário das redes sociais
nuvens de peste e descrença
despejam acidez sobre nossos poros
a praga é tanto negra como oriental
em nosso racismo e covardia tentamos fugir
entre as duas desertas
cheias de ódio e tantas mentiras
testemunhas de nossos bodes expiatórios
dizem que agora é o Apocalipse
especulam que sou louco
pois gritava nos caracteres do Twitter
nadava nas ondas de mim rádios e wi fi sem fim
cantando mil trovas poéticas sem preço
no entanto as mensagens se perdiam
trocadas por diversão para as massas e tolos
sábios deixavam o século das luzes para os palhaços
de repente a Terra se tornou plana
os vermes agora roem esta carne viva
quantos países já podres por dentro
esperam qual troncos velhos
pelas chamas e tempestades nas florestas?
não perdoai minhas dívidas
grita o homem do terceiro mundo
devolvei meu mundo
reis e rainhas se assentam sobre a escravidão
não basta apenas derrubar estátuas
se essas grandes muralhas se assentam sobre almas
em Berlim o muro caiu
Lenin caiu
duas torres se foram
dizem que o sonho acabou
mas as visões do caos e das enfermidades
não nos abandonam jamais